"Por causa da Tua Palavra"...

04/11/2010 19:43

 "Por causa da Tua Palavra"...


Em janeiro próximo, expressiva porção da liderança da  Renovação  Carismática Católica reunir-se-á em Lorena(SP) para mais  uma edição de seu conceituado Encontro Nacional de Formação. E a partir dele – como habitualmente o faz –, o Movimento desencadeia um motivador empenho que busca atingir todas as suas inúmeras instâncias para que considerem – em seus retiros, em seus grupos de oração, em suas festas de “carnaval com Jesus”, seus  simpósios, cenáculos e congressos –, a moção profética concedida por Deus ao seu Conselho Nacional como norteadora, como embasadora, como inspiração para  o modo como devem os membros da RCCBRASIL  pôr  em  movimento a sua ação evangelizadora, a partir do carisma que lhe é próprio...

Como tem sido gratificante e edificante constatar a força que essas moções colhidas em escuta profética carregam em seu bojo, provocando iniciativas em tantas  áreas da ação apostólica – entre os jovens, crianças, entre artistas e escritores, entre coordenações e ministeriados, com belíssimas missões internas e externas –, que só se explicam quando referenciadas Àquele que nos foi dado para estar  “conosco e em nós”, capacitando-nos a dar testemunho de Jesus: o Espírito Santo Paráclito! Quanto empenho, quanta comunhão, quanta oração, quanto anúncio (coisas que, segundo João Paulo II (maio de 2004), devem caracterizar a espiritualidade de Pentecostes...

 No ano passado, a RCC de todo o Brasil se expressou com clareza e entusiasmo – quer através da música e da dança, peças de teatro e de pregações, de reflexões teológicas e seminários de vida –, que “Jesus Cristo é o Senhor!”. Neste ano que chega a seu termo, entre iniciativas de restauração de práticas espirituais arrefecidas no seio do Movimento, propostas de reconstrução da identidade carismática, deflagração de campanhas pelo início da construção de um Centro de referência nacional para a RCC, o  seu povo reconheceu e se comprometeu  “Unidos pela Palavra, reconstruiremos  as muralhas...” e reafirmou o compromisso com anúncio do Evangelho ao assumir a convocação “Proclama a Palavra, anuncia a Boa Notícia”.

Agora, aproximamo-nos de 2011: um ano em que não teremos o nosso tradicional “Congresso Nacional”, mas desfrutaremos de 27 Congressos Estaduais renovados, com um dia a mais na duração, para que as lideranças de cada Estado (equipes de coordenação, servos, núcleos...) interajam com uma Equipe de composição nacional, para assim melhor se preparar para encaminhar os direcionamentos destes novos tempos – tempos de abundância e reconstrução, tempos de primavera eclesial, de florescência carismática, tempos de reorganização interna dos nossos Conselhos de Coordenação... Tempo de se preparar para celebrar – com os jovens do mundo todo! –, o Encontro Mundial de Juventude a ser realizado em parceria com o Escritório Internacional da RCC, aqui na Terra de Santa Cruz... E que moção profética concede o Senhor ao Conselho Nacional para “rhemar” esse ano de 2011? 

 Uma moção de continuidade, de apreço à Palavra do Senhor, de empenho missionário, de anúncio querigmático sob a luz do senhorio e da autoridade do Cristo, na força do Espírito Santo: “Por causa de tua palavra, lançarei as redes...”, cf. Lc  5,5.

 SENHORIO, RECONSTRUÇÃO E ANÚNCIO NO CARISMA DA RCC. – O núcleo fundamental da pregação de Pedro logo após Pentecostes é esse: “Deus constituiu Jesus Senhor e Cristo. Arrependam-se e creiam” (cf. At 2,36.38; 3, 18-19; 5,31), em harmônica consonância com o cerne da pregação do próprio Jesus nos Evangelhos: “O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam no Evangelho” (Mc 1,15). Ou seja, submetendo-se à direção do mesmo Espírito que impelira Jesus a pregar, o Evangelho pregado pelos apóstolos (cf. At 2,36; 20,38-39) ressalta que Deus constitui Senhor  aquele mesmo Jesus que fora crucificado pelos homens. Os apóstolos logo entendem que anunciar com poder uma tal realidade só seria possível com a força prometida do alto (cf. At 1,7-8; At 5,32). Entendem que era preciso “pregar o Evangelho no Espírito Santo (cf. 1 Pd 1,12). Que o próprio Jesus – primeiro evangelizador – evangelizava “com a força do Espírito...” (cf. Lc 4,14ss), que tornava Sua palavra eficaz... Também o apóstolo Paulo demonstrava essa consciência: “Minha palavra e minha pregação nada tinham da persuasiva linguagem da sabedoria, mas eram uma demonstração do Espírito e poder” (cf 1 Cor 2,4); e, ainda: “O nosso Evangelho vos foi pregado não somente por palavras, mas também com poder, com o Espírito Santo e plena convicção”. (cf. 1 Ts 1,5). 

Paulo VI nos ensinava que “as técnicas de evangelização são boas, obviamente; mas, ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E, ainda, os mais bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor” (cf. Evangelii Nuntiandi, 75). Ou seja, evangelização com discursos baseados em sabedoria humana, simplesmente (apartados da ação e do poder do Espírito, cf. Paulo VI,  EN 75), obtém dos ouvintes aprovação puramente humana e intelectual, e pode até suscitar doutores especialistas em Sagradas Escrituras e Ciências da Religião, mas não geram necessariamente o “homem novo”, cristãos “justificados”, como é próprio da atuação do Espírito – que dá vida –, e não  da letra – que mata! (cf Jo 6,63). 
 “Para demolir fortalezas, destruir argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus e tornar todo pensamento cativo em obediência a Cristo” (cf II Cor 10,4-5), é que somos convocados a lançar agora – como “pescadores de homens” –,  as redes  da Palavra com a força e as armas do Espírito, pois as armas da  “carne” não são suficientes... Queremos aprender, durante todo o novo ano,  a crescer em confiança naquele Único que tem “palavras de vida eterna”(Jo 6,68) por cujas palavras “céus e terras foram criados” (cf. Sl 33,6), palavras que são “espírito e vida” (II Cor 3,6), e por causa de Sua Palavra, lançar as redes onde já  não acreditamos mais ter “peixe”, onde cremos não valer mais a pena labutar, provavelmente por termos trabalhado confiando  apenas  em nossas capacidades pessoais, em nossos recursos meramente humanos, em conhecimentos  baseados não  na incomparável e indisputável autoridade de Deus... Que o Espírito Santo possa nos convencer, neste novo ano,  – de um modo que afete nossas vidas –, a respeito do poder e da autoridade que emanam da Palavra de Jesus Cristo, nosso Senhor...

 

Reinaldo Bezerra dos Reis

Coordenador estadual RCC/SP